As mudanças na tributação sobre o setor industrial anunciadas na segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, devem beneficiar cerca de 980 empresas brasileiras que atuam no exterior e têm US$ 350 bilhões investidos em outros países, segundo a Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais (Sobeet). A medida reduz, de 34% para 25%, o Imposto de Renda sobre o lucro de subsidiárias no exterior.

“A medida vai na direção correta e atinge o principal gargalo da internacionalização das empresas brasileiras, que é o tributário, e sempre foi um impeditivo e punia as empresas”, disse Luiz Afonso Lima, presidente da Sobeet, acrescentando que a inclusão de todos os setores na medida beneficia desde empresas do porte de Petrobras e Vale até fabricantes de biquínis.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Benjamin Steinbruch, disse nesta terça-feira que “apareceu uma luz no fim do túnel”, referindo-se ao encontro da véspera de empresários com Mantega, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo, quando foram anunciadas as mudanças.

“A gente está começando a ter um resultado das tentativas de conversa com o ministro Mantega”, disse Steinbruch em encontro com empresários em Jundiaí, no interior de São Paulo. “O governo percebeu essa necessidade e estou otimista. A reunião foi positiva e saímos motivados para buscar uma solução.”

Steinbruch defendeu também uma desvalorização maior do real ante o dólar para ajudar a indústria a se recuperar. “Ninguém quer parar e ninguém quer demitir. Temos que interagir rapidamente e o governo entendeu isso.

Sem especificar do que falava exatamente, ele concluiu: “acho que conseguimos e que nos próximos dez dias vamos ter alguma coisa consistente”, afirmou.

Em agosto, a indústria paulista fechou 15 mil vagas, elevando para 31,5 mil o número de empregos eliminados desde janeiro, segundo dados da Fiesp e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). A maior parte dos cortes realizados em agosto, 12.275, ocorreu no setor manufatureiro e 2.725 no de açúcar e álcool. A projeção das duas entidades é que 2014 termine com o fechamento de mais de 100 mil vagas de trabalho no setor manufatureiro.